Diagnóstico Socioambiental para a Criação de uma Unidade de Conservação no Distrito do Saí

22/11/2019 09:04
Cerca de 50 pessoas participaram, na noite de segunda-feira (18), da audiência pública realizada na Escola Estadual João Alfredo Moreira, na Vila da Glória, em São Francisco do Sul, para a apresentação do “Diagnóstico Socioambiental para a Criação de uma Unidade de Conservação no Distrito do Saí”. Coordenado pelo professor Rodrigo de Almeida Mohedano, do curso Engenharia Sanitária Ambiental da UFSC, o projeto teve início em setembro e terá a duração de um ano, envolvendo cerca de 15 professores e 25 alunos dos cursos de Engenharia Ambiental, Biologia, Ciências Sociais e Antropologia da universidade.
O procurador da República em Joinville, Tiago Gutierrez, esteve presente na reunião e informou que o projeto é resultado do edital publicado em 2013 pelo Ministério Público Federal para aplicação dos recursos, no valor de R$ 556 mil, de compensação pelos danos ambientais causados pelo emborcamento de uma barcaça da Norsul, em janeiro de 2008. A Prefeitura de São Francisco do Sul, por meio da Secretaria de Meio Ambiente, firmou a parceria com a UFSC para a elaboração do estudo.
Além da questão da proteção do meio ambiente na localidade, o secretário de Meio Ambiente, Gabriel Conorath, destacou a importância da criação de uma unidade de conservação pela possibilidade de investimentos dos recursos de compensação ambiental no município. “O Ibama determinou que o empreendimento do TGSC (Terminal Graneleiro Santa Catarina), previsto para ser implantado nas proximidades do nosso porto, destinasse R$ 2 milhões para compensação ambiental. Esse recurso deveria ficar no município, onde a empresa irá se instalar, só que está indo para o Paraná. Se nós tivermos uma unidade de conservação em nosso município, esse recurso pode ficar na cidade e ser investido dentro dessa área, com estruturas para visitação para melhorar a qualificação dos espaços para atrair, inclusive, os turistas para o Distrito do Saí e a Vila da Glória. A intenção é fazer com que essas áreas, que são protegidas, possam também se tornar um ganho econômico para a comunidade, mas de forma planejada, com os estudos que serão elaborados nesse período de um ano em que a equipe da universidade estiver aqui”, disse Conorath.
O professor Rodrigo Mohedano convidou a população a participar das oficinas de educação ambiental e governança que acontecerão no decorrer do ano, também na escola João Alfredo Moreira. O projeto do diagnóstico foi detalhado para a comunidade presente, que pôde tirar algumas dúvidas existentes.
“Não vamos chegar aqui na casa de vocês e dizer o que precisa ser feito. A ideia é construir esse planejamento junto com as pessoas que vivem aqui no Distrito do Saí. Vocês conhecem bem melhor do que nós, por exemplo, as nascentes que temos aqui. E como se trata de uma região muito rica em biodiversidade, um lugar isolado, pode ter até espécies que são desconhecidas. Somente numa manhã, um professor catalogou mais de 100 espécies de pássaros”, disse o professor, destacando que a equipe que trabalhará no Distrito do Saí é formada por especialistas em educação ambiental, fauna, flora, geografia, levantamento fundiário, hidrologia, geologia e antropologia. “Queremos estabelecer um canal para a troca de conhecimento entre a comunidade local e a equipe de estudo, para auxiliar a população com subsídios para a tomada de decisão sobre a criação, ou não, da unidade de conservação”, afirmou.”